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sábado, 8 de março de 2014

INVESTIMENTO

Redes sociais de investimento atraem brasileiro

 – Não é de hoje que investidores do mercado financeiro utilizam redes sociais para trocar informações. Mas uma nova onda de redes específicas começa a chegar ao Brasil, trazendo um jeito mais colaborativo de fazer investimentos chamado de social trading.
Populares na Europa e nos Estados Unidos, sites como Currensee, Collective 2 e ZuluTrade fazem o papel de brokers (corretoras) virtuais e permitem aos seus usuários não só trocar informações e fazer aplicações, mas seguir e copiar as estratégias de investidores de sucesso com a mesma facilidade de quem segue um artista famoso no Twitter.
A principal plataforma utilizada no País atualmente é o eToro, considerada a maior rede social de investimento do mundo. Criado em Israel em 2007 pelos irmãos Yoni e Ronen Assia, o eToro já foi apelidado de Facebook dos investidores e de Zynga (produtora de games sociais) para adultos. A rede social tem 2,75 milhões de usuários em 140 países e permite negociar moedas –incluindo, mais recentemente, a moeda virtual Bitcoin –, mercadorias, índices e ações.
“Comecei investindo pouco mais de US$ 50 e atualmente tenho uma margem de lucro de 232%”, gaba-se Maria, mestre em filosofia que aderiu ao site há três meses e pediu para não ter seu nome completo publicado por temer a exposição dos seus resultados. “Vivo de bolsa da universidade e queria maximizar meu dinheiro. Estudo muito sobre investimentos e consigo bons resultados”, diz.
Sites como o eToro atraem investidores novatos ou que não têm patrimônio suficiente para contratar uma corretora pela ausência de cobrança de taxas de adesão e por permitir a qualquer pessoa investir em ações de empresas internacionais, como o Google, por exemplo, aplicando valores baixos, a partir de US$ 50 dólares. O lucro do site vem do spread – diferença entre a melhor oferta de compra e de venda de um ativo.
“Queremos abrir o mercado global para qualquer pessoa investir. A ideia do investimento social é fomentar a educação em comunidade”, diz Yoni Assia, cofundador do eToro.
O principal atrativo do social trading, porém, é a possibilidade de copiar as negociações de quem tem bom desempenho. O usuário pode escolher os melhores traders em listas criadas pelo próprio site e copiá-los após analisar seus resultados.
Também há uma espécie de “playground”, onde pode-se aprender a investir com dinheiro de mentira. “Você tem que estudar muito, senão perde o dobro do que poderia ganhar. Há grande investidores do mundo todo no site e dá para aprender com eles”, diz Maria.

Risco

O eToro já levantou mais de US$ 33 milhões em cinco rodadas de investimento que tiveram a participação de fundos como o Spark Capital, que tem em seu portfólio empresas como Twitter, Foursquare e Tumblr. “Vamos operar diretamente no mercado brasileiro e estamos procurando uma instituição local para ser nossa parceira”, diz Yoni.

A principal dificuldade para a empresa se estabelecer no Brasil deverá ser o que também é o principal motivo de desconfiança de quem opera no mercado diante de plataformas de social trading. Sites como o eToro permitem operar no mercado Forex, que permite a compra de pares de moedas apostando na valorização ou desvalorização de uma sobre a outra.
Proibido no Brasil, o Forex é considerado um mercado de altíssimo risco e, caso enfrente problemas, o usuário não poderá contar com respaldo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “O Forex beira o ‘underground’. Não é ilegal operar, mas as operações são feitas fora da bolsa de valores e escapam um pouco de regulamentação”, disse um investidor experiente ao Link. “Além de muito arriscado, tem ares de jogatina. Há estudos que mostram que 90% das pessoas perdem dinheiro nesse mercado”, diz.
Copiar o investimento de outra pessoa sem o mínimo conhecimento sobre o mercado é outro comportamento visto como arriscado. “É uma coisa nova e ainda não sabemos as implicações”, diz André Fogaça, cofundador da rede de investidores Guia Invest. “Faz sentido copiar quem está tendo resultados, mas é importante conhecer o histórico e a assertividade de quem se está seguindo”, diz.
CVM estuda novas regras
A CVM estuda uma forma de regulamentar a forma como companhias de capital aberto e investidores interagem pelas redes sociais. Atualmente, as empresas podem divulgar fatos relevantes e balanços pelas redes sociais, desde que antes os comunicados sejam feitos também pelos canais oficiais da CVM, como o sistema IPE, usado para envio de documentos.
Nos Estados Unidos a SEC, órgão análogo à CVM, deu permissão para que as companhias de capital aberto usem o Facebook e outras mídias sociais para anunciar fatos relevantes aos seus acionistas, desde que definam de antemão qual rede social usarão.
A CVM não tem nenhuma restrição relativa ao social trading e o ato de copiar o investimento de outras pessoas. O órgão não regula, no entanto, o mercado Forex, considerado muito arriscado. Embora não seja ilegal um brasileiro realizar investimento do tipo em um país estrangeiro, a CVM não oferece nenhum respaldo para esse investidor.
Sites como o eToro permitem a investidores reproduzir hábitos do Facebook e do Twitter, mas ainda não têm regulação
Por Ligia Aguilhar
Fonte – OESTADÃO - http://blogs.estadao.com.br/link/redes-sociais-de-investimento-atraem-brasileiros/

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