Redes sociais de investimento atraem brasileiro
– Não é de hoje que investidores do mercado financeiro utilizam redes
sociais para trocar informações. Mas uma nova onda de redes específicas começa
a chegar ao Brasil, trazendo um jeito mais colaborativo de fazer investimentos
chamado de social trading.
Populares na Europa e
nos Estados Unidos, sites como Currensee, Collective 2 e ZuluTrade fazem o papel
de brokers (corretoras) virtuais e permitem aos seus usuários não só trocar
informações e fazer aplicações, mas seguir e copiar as estratégias de
investidores de sucesso com a mesma facilidade de quem segue um artista famoso
no Twitter.
A principal plataforma
utilizada no País atualmente é o eToro, considerada a maior rede social de
investimento do mundo. Criado em Israel em 2007 pelos irmãos Yoni e Ronen
Assia, o eToro já foi apelidado de Facebook dos investidores e de Zynga
(produtora de games sociais) para adultos. A rede social tem 2,75 milhões de
usuários em 140 países e permite negociar moedas –incluindo, mais recentemente,
a moeda virtual Bitcoin –, mercadorias, índices e ações.
“Comecei
investindo pouco mais de US$ 50 e atualmente tenho uma margem de lucro
de 232%”, gaba-se Maria, mestre em filosofia que aderiu ao site há três meses e
pediu para não ter seu nome completo publicado por temer a exposição dos seus
resultados. “Vivo de bolsa da universidade e queria maximizar meu dinheiro.
Estudo muito sobre investimentos e consigo bons resultados”, diz.
Sites como o eToro
atraem investidores novatos ou que não têm patrimônio suficiente para contratar
uma corretora pela ausência de cobrança de taxas de adesão e por permitir a
qualquer pessoa investir em ações de empresas internacionais, como o Google,
por exemplo, aplicando valores baixos, a partir de US$ 50 dólares. O lucro do
site vem do spread – diferença entre a melhor oferta de compra e de venda de um
ativo.
“Queremos abrir o
mercado global para qualquer pessoa investir. A ideia do investimento social é
fomentar a educação em comunidade”, diz Yoni Assia, cofundador do eToro.
O principal atrativo do
social trading, porém, é a possibilidade de copiar as negociações de quem tem
bom desempenho. O usuário pode escolher os melhores traders em listas criadas
pelo próprio site e copiá-los após analisar seus resultados.
Também há uma espécie
de “playground”, onde pode-se aprender a investir com dinheiro de mentira.
“Você tem que estudar muito, senão perde o dobro do que poderia ganhar. Há
grande investidores do mundo todo no site e dá para aprender com eles”, diz
Maria.
Risco
O eToro já levantou mais de US$ 33 milhões em cinco rodadas de investimento que
tiveram a participação de fundos como o Spark Capital, que tem em seu portfólio
empresas como Twitter, Foursquare e Tumblr. “Vamos operar diretamente no
mercado brasileiro e estamos procurando uma instituição local para ser nossa
parceira”, diz Yoni.
A principal dificuldade
para a empresa se estabelecer no Brasil deverá ser o que também é o principal
motivo de desconfiança de quem opera no mercado diante de plataformas de social
trading. Sites como o eToro permitem operar no mercado Forex, que permite a
compra de pares de moedas apostando na valorização ou desvalorização de uma
sobre a outra.
Proibido no Brasil, o
Forex é considerado um mercado de altíssimo risco e, caso enfrente problemas, o
usuário não poderá contar com respaldo da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM). “O Forex beira o ‘underground’. Não é ilegal operar, mas as operações
são feitas fora da bolsa de valores e escapam um pouco de regulamentação”,
disse um investidor experiente ao Link. “Além de muito arriscado, tem ares de
jogatina. Há estudos que mostram que 90% das pessoas perdem dinheiro nesse
mercado”, diz.
Copiar o investimento
de outra pessoa sem o mínimo conhecimento sobre o mercado é outro comportamento
visto como arriscado. “É uma coisa nova e ainda não sabemos as implicações”,
diz André Fogaça, cofundador da rede de investidores Guia Invest. “Faz sentido
copiar quem está tendo resultados, mas é importante conhecer o histórico e a
assertividade de quem se está seguindo”, diz.
CVM
estuda novas regras
A CVM estuda uma forma
de regulamentar a forma como companhias de capital aberto e investidores
interagem pelas redes sociais. Atualmente, as empresas podem divulgar fatos
relevantes e balanços pelas redes sociais, desde que antes os comunicados sejam
feitos também pelos canais oficiais da CVM, como o sistema IPE, usado para
envio de documentos.
Nos Estados Unidos a
SEC, órgão análogo à CVM, deu permissão para que as companhias de capital
aberto usem o Facebook e outras mídias sociais para anunciar fatos relevantes
aos seus acionistas, desde que definam de antemão qual rede social usarão.
A CVM
não tem nenhuma restrição relativa ao social trading e
o ato de copiar o investimento de outras pessoas. O órgão não regula, no
entanto, o mercado Forex, considerado muito arriscado. Embora não seja ilegal
um brasileiro realizar investimento do tipo em um país estrangeiro, a CVM não
oferece nenhum respaldo para esse investidor.
Sites como o eToro permitem a investidores reproduzir hábitos do Facebook e do Twitter, mas ainda não têm regulação
Por Ligia Aguilhar
Fonte – OESTADÃO
- http://blogs.estadao.com.br/link/redes-sociais-de-investimento-atraem-brasileiros/
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