Eurodeputados pedem que UE não negocie com governo de Michel Temer
(Imagem: Marcelo Camargo, Agência Brasil)
Deputados do Parlamento Europeu apresentaram na sexta-feira (27 de maio) um pedido para que a União Europeia (UE) suspenda as negociações comerciais com o Mercosul. A solicitação enviada a Federica Mogherini, Alta Representante da União Europeia para a Política Externa, diz que o governo interino de Michel Temer “carece de legitimidade”.
A carta, à qual a Agência Sputnik teve acesso, é assinada por 27 parlamentares de diferentes partidos e países. O texto cita os avanços recentes nas negociações entre os dois blocos para a criação de um acordo “abrangente”.
“Tendo em vista a situação política no Brasil, temos dúvidas de que este processo tem a legitimidade democrática necessária para um acordo de tal magnitude”, diz o documento.
A deputada Marisa Matias, do partido português Bloco de Esquerda, assinou o documento e afirma que “um acordo comercial não pode ser negociado com um governo sem legitimidade democrática como é o governo atualmente em funções no Brasil”. Ela reconhece que o pedido é apenas uma começo, mas diz que é mais do que simbólico.
– É a ação mais eficaz que podemos fazer nesse momento. E esse pedido tem uma vantagem: ele vai obrigar a União Europeia a tomar uma posição no tema do Brasil – explicou Marisa. Segundo ela, já são 36 dos cerca de 700 eurodeputados a endossar a proposta.
A carta foi endereçada ao gabinete da Alta Representante da União Europeia para a Política Externa. Marisa Matias diz que o grupo vai aguardar uma resposta de Federica Mogherini e a posição pode influenciar ações futuras como a inclusão do tema para debate pelo Parlamento.
Além de Matias, também assina a carta o deputado Xabier Benito Ziluaga, primeiro vice-presidente da Delegação do Parlamento Europeu para as Relações com o Mercosul, e vários deputados do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde e dos Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia.
Eles dizem que não há acusação de crime que justifique o afastamento da presidente Dilma Rousseff e chamam o processo de impeachment de “ruptura institucional”.
“Consideramos que o governo brasileiro instalado após o impeachment carece de legitimidade democrática e, portanto, pedimos a suspensão das negociações UE — Mercosul”, afirma o documento. Os deputados solicitam ainda que o bloco europeu dê “total apoio para a restauração da ordem democrática no Brasil”.